INFLUÊNCIAS SIMBÓLICAS NAS ORDENS INICIÁTICAS - ORIUNDAS DE USO MARCIAL
- Augusto Carneiro
- 12 de dez. de 2023
- 9 min de leitura
Atualizado: 13 de dez. de 2023
Neste breve estudo enfatizo símbolos importantes dentro de algumas organizações e que de forma alguma se limitam a aquilo que será exposto, pelo contrário, seu maior valor reside justamente em não poderem ser reduzidos a definições intelectuais.

Dito isso, vamos lembrar que o objetivo do mesmo é de relacionar o uso de alguns elementos no meio iniciático com os usados em guerra/campos de batalha.
Então, a priori, busquei analisar as vestimentas, objetos e armas que compõem várias reuniões ritualísticas de natureza esotérica com os usados em círculos marciais, ou seja, ligados a Marte - que possuem aspecto guerreiro.
Essas simbologias são encontradas em vários cenários ao longo do tempo com sua interpretação próprias, a saber, vemos referências no esporte, nas artes, religiões e tbm nos batalhões militares e ordens iniciáticas, concluindo dessa forma, de que não se trata de algo exclusivo dessas partes em questão que estou abordando, mas que são frequentemente encontradas nelas desde a idade da pedra com os caçadores-coletores no paleolítico, no antigo egito, passando ali pelo período medieval até a nossa era atual.
Solenidade e a retidão iniciática parecem com o rigor militar porque ambas envolvem um conjunto de valores, normas e rituais que visam orientar o comportamento, a disciplina e a dedicação dos seus membros. Tanto ordens quanto a religião e o militarismo exigem um compromisso com uma causa maior, que transcende os interesses individuais, e demandam uma obediência à autoridade, à hierarquia e à tradição. Além disso, tanto um como outro têm uma dimensão simbólica e cerimonial, que se expressa em gestos, vestes, símbolos e datas especiais que enfatizam valores e princípios importantes.
Louis-Claude de Saint-Martin, Aleister Crowley, Aquino, Gurdjieff e vários outros ocultistas do passado tiveram suas passagens mesmo que breve pelos exércitos de suas respectivas nações, servindo-as e levando essas influências futuramente para dentro de rituais desenvolvidos por eles, assim como vários outros estudiosos em sua áreas de profissão colocaram suas visões particulares. Ex.: Sacerdotes, médicos, matemáticos.
Os elementos militares podem expressar valores como disciplina, hierarquia, honra e lealdade, aspectos que são importantes para as ordens iniciáticas e por isso observamos que alguns guardam as mesmas idiossincrasias com ordens ou organizações militares. É claro que conceitos de hierarquia, graus, funções sempre existiram tendo como princípio o próprio plano espiritual, e aqui se manifesta desde as tribos antigas, em nossa política, no mercado e todas estruturas organizadas pelo homem.
INSÍGNIAS E CONDECORAÇÕES
As condecorações são honrarias concedidas a pessoas que se destacaram por algum feito ou serviço relevante. Elas têm origem em diferentes épocas e culturas, e geralmente são usadas como símbolos de gratidão ou prestígio. Uma das primeiras formas de condecoração conhecidas foi a coroa de louros, usada pelos gregos e romanos para premiar os vencedores de competições esportivas, artísticas ou militares.
Outras civilizações antigas também usavam objetos como colares, braceletes, anéis ou medalhas para distinguir seus líderes, guerreiros e sacerdotes. Os egípcios usavam um ornamento peitoral que indicava o status e a função do portador. O seu exército também tinha condecorações para os soldados que se destacavam na batalha. Tutmés III por exemplo foi um faraó guerreiro, respeitado comandante militar e concedeu medalhas de ouro aos seus que lutaram na Batalha de Megido, a mais antiga batalha com registros históricos fidedignos. Sendo então comum até os dias de hoje essa prática de premiar soldados por bravura ou mérito nos exércitos.
Na Idade Média, as condecorações se tornaram mais elaboradas e diversificadas, com o surgimento dos brasões de armas, das ordens de cavalaria e das cruzes honoríficas. As ordens de cavalaria eram associações militares ou religiosas que concediam insígnias aos seus membros, como a Ordem do Tosão de Ouro, a Ordem de Malta ou a Ordem do Templo.
Na Idade Moderna e Contemporânea, as condecorações se multiplicaram e se tornaram mais acessíveis aos civis e aos militares de diferentes países e categorias. Elas passaram a refletir os valores e os ideais de cada sociedade e costumavam inclusive ser encomendadas como presentes diplomáticos.
Já as medalhas no formato em que conhecemos hoje surgiram dentro dos batalhões militares como dito anteriormente, já que começaram a ser utilizadas para reconhecer generais que conquistaram alguma vitória expressiva durante conflitos. Mas elas se tornaram populares através dos Jogos Olímpicos. Há outras ordens e grupos que usam suas próprias medalhas ou insígnias para identificar seus membros e expressar seus ideais, admiração e respeito. As medalhas martinistas são usadas como símbolos de reconhecimento, fraternidade e iniciação. No âmbito de algumas Maçonarias existe a Comissão de Mérito Maçônico, que dá à concessão de títulos e medalhas às Lojas que completam certos períodos de efetiva atividade, ações sociais, eventos comemorativos e dentre outras ocasiões.
CAPAS
A origem das capas é um tema que envolve diferentes épocas e culturas e são peças de vestuário que podem ter diferentes funções: como proteção, identificação ou distinção. Não há uma data precisa para o surgimento das capas militares, mas elas podem ser encontradas em diversas civilizações antigas, como os egípcios, os gregos, os romanos, os persas, os chineses e os incas. Essas civilizações usavam as capas como parte de seus uniformes ou armaduras, e as decoravam com símbolos, cores ou medalhas que representavam seus deuses, seus reis ou seus ideais. Os sobretudos tinham o brasão de armas que identificava o cavaleiro no campo de batalha. Elas eram usadas principalmente pelos templários, uma ordem militar de cavalaria de monges guerreiros, que as usavam sobre suas cotas de malha ou suas armaduras de placas. Logo, tinham seu valor histórico, cultural e estético, além do uso funcional.
Os Etruscos tinham bastante atuação no comércio mas eram acima de tudo um povo guerreiro, a quem os Gregos temiam. E se tratava de uma civilização bem avançada e que precedeu Roma. Tudo o que consideramos romano é na verdade de origem etrusca. Os romanos adaptaram costumes etruscos, como o uso da toga, estradas, jogos de gladiadores, etc. (Obs.: A toga foi uma vestimenta bastante usada pelos filósofos antigos e atualmente utilizada por magistrados no tribunal.)
As capas usadas por alguns soldados romanos, tanto durante a República quanto durante o Império, eram chamadas de sago ou sagum. O sagum aquecia e protegia o soldado contra os elementos. Era feito de um tecido grosso de lã, podia ser enrolado no corpo nos dias frios e foi inspirado na Toga. E podemos ver um ponto importante aí, pois o sagum foi considerada simbolicamente como uma peça de guerra pela mesma tradição que abraçou a toga como uma vestimenta de paz.
Percebemos então que sua necessidade nasceu com os caçadores na idade da pedra usando as peles de animais para proteger do frio, do calor, da chuva e entao só depois estendeu-se seu propósito prático, para se proteger de flechas, ou servir como camuflagem e sinalização, se tornando assim crucial nos conflitos em campos de batalha devido à sua alta eficiência para proteção das intempéries naturais, e posteriormente, foi levado para dentro dos castelos, salões, igrejas e templos deixando de ter uma utilidade funcional para também ter um uso estético e simbólico como o manto que representa nobreza e a realeza.
Por outro lado, dentro das ordens esotéricas como a Ordem DeMolay, possui um cunho mais espiritualista e iniciático, tendo “o manto como um símbolo de proteção, dada pela sabedoria adquirida” e também observamos virtudes e valores sendo representados na OGG. Já para os Martinistas, conforme foi abordado aqui, usar o mesmo representa: quietude, isolamento e paz de espírito - tão necessários à harmonização com o mundo espiritual. Com ele simbolizamos nosso refúgio em nosso Santuário Interior e nos protegendo de todas as influências daninhas do mundo exterior.
ESPADA
Sem dúvida a espada é uma das armas mais antigas do mundo e seu surgimento se deu por volta de 3.000 a.C. na Idade do Bronze, tendo um exemplar na coleção de armas medievais datado com até 5.000 anos.
A evolução das técnicas da forjaria ocorreu na segunda metade do Século I da nossa época e motivado pelas sangrentas guerras entre os povos, surgiu a técnica de fabricação de espadas.
Há outros contextos e culturas que usam a espada como um elemento simbólico ou sagrado em suas cerimônias e rituais. Pois a espada é uma arma que transcende o seu aspecto físico e material, assumindo um significado espiritual e metafórico. A espada pode representar o conhecimento que corta a ignorância, a libertação dos desejos, a conquista espiritual e a destruição do mal, além também de ser um símbolo de poder, honra e fé, muito usado em juramentos e consagrações como uma extensão da vontade e autoridade.
O uso ritualístico da espada pode ser notado dentro da Ordem Rosacruz, Martinismo, Maçonaria e dentre outras ordens, seu emprego envolve misticismo e representa diferentes conceitos, como justiça e vigilância.
MÁSCARA
As máscaras têm uma longa jornada que remonta à pré-história. Os primeiros registros de seu uso são encontrados em pinturas rupestres na Europa, que mostram pessoas usando máscaras de animais em rituais, caçadas e batalhas. E além dessas gravuras em pedras, sabemos que os homens das cavernas pintavam o rosto com um pó avermelhado inicialmente como uma forma de máscara para assustar seus inimigos.
A pintura facial que muito se assemelha com o uso de máscara em sua configuração e as máscaras propriamente ditas como conhecemos hoje, são uma expressão de grande importância para muitos povos, inclusive a maioria das tribos indígenas brasileiras as usavam em momentos de celebrações e rituais; seja de luto, casamentos, caça, em viitorias de conflitos ou cura de doenças.
Durante a antiguidade, nossos antepassados usavam pinturas em suas batalhas se utilizando de plantas tintórias ou pigmentos de origem mineral com a função de identificar o clã ou nação. Os pictos, antigos habitantes da Escócia que guerrearam contra o império Romano, foram povos conhecidos por utilizarem uma pintura de guerra azul. Os vikings, guerreiros nórdicos que viveram na Escandinávia, utilizavam um pó preto, para cobrir os olhos. Os guerreiros Maori da Nova Zelândia são famosos por suas tatuagens faciais chamadas “moko”, que eram usadas tanto para intimidar o inimigo quanto para indicar status e linhagem.
Na Grécia também apenas homens podiam servir Atenas e protegê-la, mas com o passar dos anos as mulheres começaram a serem aceitas, mas com uma condição: elas deveriam abrir mão de sua feminilidade escondendo-se atrás de máscaras, pois assim, ambos os sexos lutariam em igualdade. Portanto, seu uso na guerra é uma prática antiga com um significado profundo que pode variar dependendo da cultura específica.
Então observando como princípio as pinturas faciais ancestrais, presenciamos sua evolução para as maquiagens das civilizações que vieram depois, tais como: os egípcios, ingleses e chineses, ganhando assim um valor estético muito forte mundialmente. Já as máscaras sobrepostas feitas com outras matérias primas, sendo as principais a pedra e madeira, vieram dessa ramificação,ou seja, deixaram de pintar o rosto diretamente para pintar cascas de árvores e cobrir a face, atribuindo significados e importâncias diferentes da maquiagem.
Os maiores representantes são as máscaras africanas que remontam a idade da pedra. Esses artefatos artísticos foram usados por várias tribos e com objetivos variados, como, por exemplo, cerimônias de iniciação, boas colheitas, preparação para a guerra, para se conectar com espíritos ancestrais e etc. As máscaras também foram usadas por diversas civilizações antigas, como os egípcios, os gregos, para festividades culturais, ritos de nascimento e funerários.
Esses acessórios se fortaleceram bastante nas festas dionisíacas e, em seguida, foram incorporadas aos principais gêneros de peças daquela época: a tragédia e a comédia. Ou seja, as máscaras evoluíram, passando de artefatos ritualísticos agora para itens teatrais com o papel de representar expressões e potencializar a voz.
Os anos foram passando e as máscaras foram utilizadas para diversos outros propósitos: como o lúdico (nos bailes de máscaras, no carnaval), na saúde (em tempos de crise sanitária), e acredita-se, que fora aplicada novamente no segmento marcial com a finalidade de proteção quando usada em armaduras medievais para auxílio do combatente.
Assim como na África, o Japão possui uma extensa variedade de máscaras tradicionais e atuais, dentre elas a Kendo leva o nome da arte marcial e significa, literalmente, “caminho da espada”. E a máscara de samurai, chamada de mempo, usada a partir do Século XVI (16) tanto para proteger os rostos dos guerreiros quanto para dar impressão de medo ao adversário.
CORDÃO
A expressão “cingir os lombos” possui várias interpretações pertinentes, uma delas diz respeito ao uso de um cinto, cordão ou cinturão militar, o que era parte da armadura de um soldado ou cavaleiro. O mesmo servia tanto para prender a túnica, deixando o corpo mais firme e dando maior agilidade em combate, e em sua maioria era usada como suporte para armas como espada e punhais, além também de proteger alguns órgãos vitais.
Passando agora da armadura física temos uma metafora para a armadura de Deus nas Sagradas Escrituras que nos diz que temos que ter a cintura cingida com a verdade, fazendo a comparacao dos rins com a verdade, fica claro que o rim é um filtro e a verdade deverá ser como um filtro que prepara o cristão para a ação.
Portanto "cingir os rins", é frequentemente usada para indicar a preparação para uma atividade importante e vigorosa, se preparar para a luta, e a batalha à luz da verdade. Como Rosacruzes sabemos que representa a ponte que nos liga aos Mestres do Passado, com o dever e o compromisso na Senda da Luz.
Por fim, lembrando que minhas fontes foram escolhidas tendo por base o recorte temático sobre utilizações de elementos bélicos, e os efeitos sociais destes, pois esse enfoque nos auxilia a delinearmos essa relação.

REGISTROS
O registros akáshicos - espaços de consciência que contêm o registro vibracional de cada alma e sua jornada, onde todas as experiências estão armazenadas. Lá, estão as vivências individuais e coletivas, tudo o que sentimos, pensamos e fizemos no curso de nossa existência.
Conceito bastante similar ao de Jung do inconsciente coletivo. Outro conceito que têm se mostrado uma ferramenta útil é a do arquétipo, sendo um deles o do guerreiro, um dos mais antigos e universais em todo o mundo. Ele representa a coragem e a determinação necessárias para superar os obstáculos, pessoas que estão dispostas a lutar por aquilo em que acreditam.
A relação entre os registros akáshicos e Geburah pode ser entendida como uma forma de acessar as lições e desafios que cada alma precisa enfrentar para evoluir espiritualmente.
Os combates dos povos primitivos que moveram o início de nossa era e as guerras tiveram um impacto significativo na sociedade atual e nesse campo mental, influenciando assim os avanços tecnológicos, na medicina, mudanças políticas, disputas territoriais em pequena e grande escala e também no mercado de trabalho com a excessiva concorrência, além do instinto de defesa e sobrevivência norteia principalmente os seios familiares.
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