PSICODÉLICOS E AS SOMBRAS
- Augusto Carneiro
- 26 de jan. de 2019
- 5 min de leitura
Atualizado: 8 de abr. de 2019
Aqueles que já experimentaram LSD não conhecem todas as respostas, mas com certeza adquiriram um conhecimento através de uma experiência direta com si mesmo. sem dúvida é um instrumento de harmonização com suas sombras, um aspecto diferente daquele que está habituado.

Sob a ação do LSD e outras algumas substancias, as pessoas aprendem a estarem presentes, um estado que hoje é cada vez menos frequente de se observar nas pessoas, por isso a causa de males mentais tais como depressão e ansiedade. No momento em que está sob a influencia do mesmo, temos a sensação de que o ego afrouxou as rédeas e está deixando a sua "verdadeira identidade" se manifestar, não é a toa que psicodelia significa conforme sua origem grega "MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO".
É claro que o resumo da experiência será decorrente da expectativa do usuário ao tomar a droga, do ambiente físico e social, sua significação encontra-se primeiramente no indivíduo, a droga irá apenas liberar aquilo, em muitas vezes de forma explosiva. É claro que quando digo social, me refiro a um âmbito muito maior do que se imagina, não é somente as companhias de amigos e outras pessoas, ou na cidade que está enfim... e sim de todo conglomerado energético que está a sua volta, desde formas pensamento, a egrégora alimentada, e é claro dos espíritos que estão a sua volta . Eu mesmo já tive várias experiencias alucinógenas em raves, cachoeiras, ruas e praças a noite, e com certeza cada uma contou com sua singularidade que hoje melhor sei identificar. Hoje sem dúvida, tenho mais noção da necessidade de se criar uma proteção psíquica, pois independente de se estar vibrando em alto astral, a possibilidade de ser tragado para "baixo" e perder o equilíbrio do pendulo é grande, e foram precisas muitas intuições de mentores meus para entender isso.
Segundo TIMOTHY LEARY vivemos num jogo que não é nada mais que nossa ordem cultural estipulada, nosso ritual diário, nosso sistema de regras e valores, e o ego é responsável por dirigir ele. E nesse jogo criamos máscaras, comportamentos e defesas para galgá-lo como é preciso. Não estou condenando fatalmente essa condição, o problema é quando a pessoa vive isso porque acha que somente aquilo existe, quando se passa a agir de forma repetida e "falsa" por um longo tempo, começamos a caber dentro de uma caixa e isso nos limita, e a luz dentro de nós foi feita para expandir.

Todos aqueles que viram através do jogo, ou como Alice (no país das maravilhas) viu através do espelho, ou seja, ampliou sua consciência e percepção do todo, se sente muito a vontade com outros que também viram o outro lado da lua (Pink Floyd). Na presença de pessoas "como ele" se sentem menos dispostos a atacar, deixa cair suas defesas e para de ter medo das armadilhas, eles apenas são, sem medo. Isso sem dúvida foi o que mais me encantou no universo das raves e festivais no qual eu frequentei por anos e tive o prazer de extrair um pouco de sabedoria. Aquela atmosfera recheada de simbolismos, cores, natureza e harmonia sempre me trouxe uma sinergia imensa. A experiencia de unidade que o ambiente e os alucinógenos nos trazem é gloriosa, o sujeito se sente parte do grupo, parte do cosmo e tem uma rasa visão da sua importância no mundo. O ser unitário é constituído de varias dimensões que não são percebidas no plano ordinário, mas quando tem a sua consciência liberada lhe é tudo jogado sobre a mesa de formas até mesmos assustadoras e sem dó. O amor é experimentado pela primeira vez, por que sem medo ele dá vazão e pode assim ser apresentado da forma mais simples ao individuo, mas nesse processo onde tudo é "mostrado" vem as SOMBRAS junto, e é aí que devemos agir.

"Ser sacudido para fora dos trilhos da percepção ordinária, ter ocasião de ver durante algumas horas intemporais o mundo exterior e o mundo interior, não como aparecem a um animal obcecado pela sobrevivência, ou um ser humano obcecado pelas palavras e pelas idéias, mais tais como são apreendidos, direta e incondicionalmente, pelo espirito em geral, eis uma experiência inestimável para cada um e em particular para o intelectual." - Aldous Huxley, As portas da percepção
As sombras, segundo JUNG é o lado confuso e abafado da personalidade, é a compilação das suas questões desajeitadas, pensamentos perversos e outros elementos "baixos", mas acima de tudo em resumo, é aquilo em você não experimentado, não aceito, e as vezes até desconhecido.
Sendo assim, como disse anteriormente as substancias psicodélicas liberam um lado em você de forma bruta, e com ela também pode se abrir a jaula do seu Choronzon. E se as suas sombras, defeitos não são integradas ou fazem parte do seu dia-a-dia de forma explicita, ao ressurgir causam grande temor, se não um pânico irreversível. Então assim, se você for uma pessoa "boazinha" que ajuda a vovó a atravessar a rua pode sim sofrer um grande espanto ao se deparar com sua outra face.
A confrontação com a sombra tem mais chances de serem violentas do que doces de fato, mas com certeza é bem melhor se ver por inteiro, aquela unicidade toda que exprimi acima é muita mais sincera quando se está nu (metáfora apenas, não vá tirar a roupa loucão de ácido). Quando não há mais aquela culpa por sentimentos embaraçosos e inconfessáveis nos sentimos mais leves. Eis aqui uma grande reflexão para com os trabalhos de nossos guardiões EXUS que trabalham na Umbanda, eles trazem essas questões da maneira mais impactante para o consulente justamente para tirarem esse peso da dúvida e mostrarem de cara o que deve ser mudado, dando é claro total apoio e orientação após a "revelação".

Trazendo essas afirmações acima, também podemos evidenciar o papel importante do DARKTRANCE, um estilo musical eletrônico que visa elementos com sonoridade sombria, inquietante, densa, de forma que propicia e instiga o ouvinte a visualizar e sentir as suas sombras, pois sob o efeito de alucinógenos a música adquire vida e textura podendo até mesmo brilhar como uma luz interior em forma de fractais. Interagir com suas sombras, brincar com as pedras no fundo do abismo de Daath (sephirah oculta do conhecimento) junto com as Salamandras (elementais com efeito transmutador) em meio ao fogo, revela uma possibilidade de mudança, ver que sua luz também queima é a chave. Como dito no texto extraído acima:
"O inferno, é pelo menos tão instrutivo quanto o céu."
Este trecho embasa a linha de pensamento daqueles que estudam a Árvore da Morte e suas Qliphoth, e também alguns estudante de Magia do Caos pois acreditam que podem chegar ao ápice, a sabedoria, através das vias secas, ou melhor dizendo, do caminho inverso. De fato na Lei da Polaridade sabemos que os extremos se tocam, então a de se repeitar veementemente esta opção principalmente se não a conhece, como ocultista temos que ter em mente que para acessar a sabedoria, devemos estudar todas as ciências e não só aquelas que gostamos, pois em algum momento você pode reconhecer ali algo que identifique e leve como verdade, e assim quem sabe lhe ajudar a solucionar problemas. A expansão de consciência com alucinógenos (cogumelos, santo daime, jurema, ópio e etc...) sempre foram usadas por grande filósofos, cientistas e magistas em seus estudos para lhes dar uma visão mais ampla nem que seja somente temporária. O uso em cerimoniais rito-litúrgicos e magísticos é conhecido a milênios pelos povos antigos, indígenas e ordens contemporâneas e isso sem dúvida trouxe grandes frutos para nossa sociedade hoje, o uso jamais deve ser indiscriminado como vemos muitos fazendo e sempre deve ser aliado a estudos, extrair sabedoria desses processos é a razão do uso.
Comments